Rock colorido? Pode ter certeza de que com eles não!

07:36


Preparem suas camisas xadrez e calças rasgadas porque vamos conhecer a banda Dogma Rock da Zona Norte de São Paulo formada em 2006 primeiramente sobnome de “Lítio”. Com influencia de Nirvana, Screeming Trees, Ramones, Autoramas, Titãs entre outras, eles seguem fazendo um novo grunge. O Dogma Rock ja abriu shows de bandas importantes do cenario independente como para a banda Autoramas em 2009 em um evento chamado “Outubro Independente” no Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso. A banda esbanja muita energia e atitude com músicas pesadas e letras fortes representando um alerta para os problemas da nossa sociedade. Batemos um papo bem divertido com Johnny (vocal/guitarra) e Fuzz (baixo).


FRS: Qual o pior show do Dogma? 


Fuzz: De 2008 quando a gente tocou em uma festa de  garagem com várias bandas e decidiram fazer um bolão no meio da festa “vamos ver qual banda vai começar a tocar e chegar polícia na hora”, aí fizeram o bolão das bandas e tal e calhou de ser o Dogma. A gente chegou de primeiro corte, a polícia baixou “pode parar, desliga tudo”  - desligamos, olhamos um para a cara do outro e vamos continuar tocando, aí ligamos tudo de novo, veio 5 carros de polícia “desliga tudo!” só que enquanto os policiais estavam conversando com o organizador, a gente estava tocando polícia dos Titãs. Aí o Júnior desesperado “a gente vai ser preso, pára com isso, pára, chega”.


Johnny: o pior que os policiais chegavam sempre na mesma música “sou homem da sociedade”, música que contesta política, é um grito  de “meu, vamos sair dessa jossa e vamos mudar”


 Fuzz: e sempre na mesma música os caras chegavam "agora desliga", a gente desligo os caras dobraram a esquina “liga tudo de novo, pode ligar” aí os caras vieram “tá todo mundo em cana”, aí a gente teve de desligar e desmontar na frente do cara. Aí a gente não tocou, ganhamos o bolão, porque eu apostei no Dogma também .


FRS: E o melhor show?


Johnny: o melhor show foi no outs..foi o auge do Dogma. Até agora lembro que a gente tinha acabado de gravar Confissões, Intolerância, Medo e Ódio, e a gente tava vindo de 2 shows ruins e do nada a gente começou a divulgar no myspace, começamos a levar pra galera ouvir e tal e começamos a divulgar o show que teríamos no Outs. “Po cara, o outs nós temos que divulgar mais do que os outros” Quando a gente chegou no outs  a gente falou “nossa cara tá lotado, era umas 60 pessoas, na época...era 2009...isso o primeiro outs


 Fuzz: no segundo outs com Cães Ilustres o povo  que foi no primeiro levou mais gente, aí já tinha mais de 200...isso num sábado a tarde...foi muito legal.


 Johnny: e o legal é que a gente tocava as músicas próprias que a gente gravou na época e a galera cantava, eles sabiam as letras.


Fuzz: tocava cover “não, toca outra! toca própria!”


Johnny: lembro que na época a gente apresentou Intolerência ....a gente tinha acabado de fazer intolerância...a gente gravou e falamos “ô, a música nova que a gente gravou Intolerância” e a galera já tinha ouvido no myspace e sabia a letra...foi o mais legal.


 FRS: O grunge continua sendo tão influente hj como foi na década de 90?


 Johnny: sinceramente...não...não porque o grunge foi um movimento que surgiu nos anos 90 e até hoje tem pessoas que gostam das bandas que surgiram desse movimento, muita gente  diz o Dogma é grunge, a gente segue essa linha do que foi dos anos 90, que a gente acha que até é uma identidade legal pra banda, que é oque a gente gosta, camiseta xadrez,  a gente gosta de calça rasgada, a gente acha legal e que é da linha do grunge, mas o grunge mesmo já era, acabou em...não vou dizer em 94 quando Kurt morreu, mas acho que 2 anos depois...96 e o grunge hoje o que tem hoje das bandas que se dizem grunge são bandas influenciadas pelo movimento grunge que são de um som alternativo que querem mudar, que querem fazer um novo movimento, um outside digamos assim, que é um movimento que está prestes a estourar.


 Fuzz: o grunge...acho que morrer não morreu...começa por aí, mas acho que acabou assim, as bandas que tinham que fazer sucesso com nome grunge já fizeram,oque vai surgir agora...são bandas que se baseiam nisso e que vão fazer uma coisa nova..barulhenta de novo... o rock não é colorido, rock é do mal, rock precisa de atitude, não precisa ser bonito, tem que ser bem tocado, tem que fazer o que gosta...não precisa ser comercial pra ser bom.


 FRS: A morte do movimento vocês dizem na sonoridade ou que eles queriam passar através das letras?


 Johnny: o movimento grunge foi meio que uma jogada de marketing na época. Pra mim Nirvana foi punk rock, Alice In Chains é metal, Pearl Jam é hard se você for ver bem o som não tem nada haver com o que condiz.


 Fuzz: grunge acaba sendo um modo de se vestir...se baseou de não se importar em chegar no show todo arrumado você é o que é.


 Johnny: o grunge na época seria o Indie de hoje. O que as pessoas dizem “independente” de hoje era o grunge nos anos 90.  Acho que o Indie seria o grunge dos anos 2000, não dizendo que o Indie é o grunge, mas é uma forma de movimento também.


Fuzz: a diferença mais gritante de tudo isso é que nos anos 90 a acessibilidade das informações era mais difícil então a pessoa quando gostava ela ia atrás. Hoje em dia não. Hoje você escuta uma banda que ninguém conheçe você fala que gosta a banda estoura “a banda é legal...a banda é cult ninguém conheçe...” sabe?


FRS: Internet é uma ferramenta que ajuda de verdade?


Fuzz: a internet é mais fácil de divulgar, 100%, só que uma pessoa não se interessa de pegar um CD seu por no rádio e escutar, é mais fácil você ir na internet baixar em mp3 e escutar. Ninguém vai em show pra comprar CD , realmente ver como é a banda..eles vão ou porque viu na internet e gostou muito ou porque alguém está levando forçado.


Johnny: hoje eu também acho mais fácil esse lance da internet e tudo, porque antigamente você só poderia gravar se você tivesse uma gravadora...hoje não...hoje você pode fazer uma produção independente, colocar na internet e divulgar seu trabalho...isso ajuda, mas aí que tá ...todo mundo faz qualquer coisa e acha que fica legal e coloca...e não é tudo que fica legal e a internet ajuda nisso se você divulgar. A galera que gosta mesmo vai no show, vai atrás da banda, compra o CD com a banda, compra o CD se achar numa loja se ela gostar mesmo, mas também atrapalha muito as bandas que querem sobreviver disso porque não é só de show que uma banda sobrevive,  ela sobrevive de vendas das próprias músicas e tal então eu acho que atrapalha um pouco nisso


Fuzz: é uma pirataria do independente, que nem o myspace de muitas bandas, coloca pra download as músicas, a banda não vai vender, você vai achar sua música em trocentos CDs diferentes, mas o seu mesmo ninguém vai ter.


 FRS: Há descaso das casas de show?


 Fuzz: elas geralmente cobram taxas absurdas de 300 a 400 reais pra tocar meia hora e a gente foi meio que contra isso. Começou com Dogma, Kinks e Cães Ilustres. A gente começou fazendo um protesto meio louco na internet e  hoje tem as bandas com a cara de pau...cara de não pau não...dignidade de dizer a gente não vende ingresso porque o que a gente tá ganhando vendendo? Tá perdendo só.


Johnny: mas eu lembro que alguns anos atrás todo mundo vendia ingresso e tal...a gente chegou a 1 ou 2 shows a vender ingressos, mas foi no começo da banda que a gente não sabia como arrumar show.  Só que a gente não consegue vender...principalmente quando a banda é nova 50 ingressos a 15 reais menos de 1 mês não dá pra vender tudo isso...tipo é muita coisa e você acaba tendo de tirar do seu bolso e quando você tira do seu bolso você poderia estar numa gravação ou em um instrumento melhor ou num amplificador. Então a gente começou junto com Kinks, Cães Ilustres, Oliver Son que depois se juntou com a gente a ir contra a esses shows...então a gente começou a tocar em algumas casas que não tinha venda de ingressos e a gente ia tocava e tal...o mais legal que todos os produtores que vinham pedir pra gente vender ingressos pra tocarmos nos eventos deles a gente sempre dizia não e metia o pau


 Fuzz: Nossos shows a gente não vende ingressos a gente cobra deles. O cara tá lucrando 70% a casa lucra 30, a banda não ganha nada. Hoje temos mais público depois que paramos de vender ingressos do que vendendo.


 Johnny: hoje até alguns produtores falam” toca no nosso evento, não precisa vender ingressos” Tipo...mas toca.


 FRS: Qual o futuro do Dogma?


Johnny: Eu vejo com o Brasil inteiro ouvindo a gente e gostando da banda...cara..na boa...eu acredito e tenho certeza que vai acontecer.


 Fuzz: espero que tenha muita gente escutando, mas também espero que “putz, eu escutei e não gostei”, mas escutou.


 Johnny: o pessoal que não gostar também indica pros inimigos que fica bacana também, aí o inimigo gosta e fica legal mais público.


 A banda agradeçe:


Eduardo Crispim, Bob, Doug, Lêo do kin, Cães Ilustres, Estúdio do Márcio e o movimento outside.


Membros:


Johnny Jr. (Júnior)- Vocal/Guitarra
Victor Fuzz (Caio) - Baixo
Corvo - Bateria


Aonde ouvir?


www.myspace.com/bandadogmarock

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4 comentários

  1. Tô gostando de ver!
    Vcs se esforçando bastante nas entrevistas.
    Boa Sorte aos meninos do Dogma =)

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  2. Calças rasgadas, se muito usadas melhor; camisetas desbotadas e sem logo, o inverno é a melhor estação, barulho pretensioso e a ordem só é uma ordem e, nada mais. Legal a entrevista do Dogma, Rock and Roll é isso aí mesmo, ATITUDE!!!! SUBVERSIVIDADE!!! Não é o caso de bandas com caras bonzinhos que respondem tudo e como querem que eles respondam. As respostas do colour way of life são inespontâneas, assim como suas vidas...
    E claro, tem que acabar com esses fdp que cobram das bandas para se apresentarem. Isso está acabando com a cena independente e, consequentemente, com o próprio bom e velho Rock´n Roll. As bandas underground tão vendo isso... o movimento é bacana e vai aumentar... Parabéns para o Dogma, é isso mesmo, NÃO ao PAY TO PLAY!!!

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  3. R$ 400 reais para tocar meia hora????? Que absurdo!!!
    Lamentável ver que hoje se faz música quem tem dinheiro, e não talento.

    Mais uma vez a entrevista foi ótima! Parabéns meninas!

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  4. Meninas, mandaram muito bem na entrevista! Pena que vocês não entrevistaram o Júnior também...
    Eu curto muito o estilo e a atitude dos caras do Dogma e, sinceramente, considero triste que poucas bandas hoje em dia tenham a mentalidade que esses caras têm....
    Continuem mandando bem! Parabéns pela entrevista!

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