J-Rock no Brasil
11:15Por: Natália (@natalia_dtr) e Laura (@Yoko_FRS)
Por sinal, se pensamos na constituição musical das bandas de J-Rock, veremos que há muito a se ouvir. Através, por exemplo, da aliança entre o tradicional e o moderno, como acontece no som da extinta banda Kaggra (que inclusive já esteve no Brasil!).
Muito se fala que o Rock é uma linguagem internacional e democrática, mas daí se a gente pensa: de onde vem todo o Rock que a gente ouve? Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, etc...ok, mas e o resto do mundo, não produz Rock??
Claro que sim, mas por razões culturais e econômicas o que chega até nós, e que se populariza no mundo, vem majoritariamente dos países citados acima. Desde criança você ouve no rádio, na TV, seu irmão cantarolando no chuveiro, as grandes bandas americanas e europeias, que cada vez mais criam raízes no gosto popular; e ainda tem os novos grupos empurrados pela mídia. É difícil (dependendo do caso, impossível) pra músicas de outros idiomas, que não português e inglês, se instalarem no nosso cotidiano. Entretanto, a grande verdade é que a música está pelo mundo todo, e a magia do Rock não se resume a este lado do globo.
Daí vem o choque: OMG, e existe Rock...tipo...no Japão??? (lembram-se do choque quando se descobriu Rock na Bahia? Pois é, agora a coisa é mais pro leste)
E eu te digo: bem, olha ao seu redor...
Na Ásia, o mercado do J-Rock (designação para o rock em língua japonesa) é muito forte e popular, dividindo espaço com os artistas americanos e europeus que conhecemos bem. Se por aqui crescemos com estes artistas cantando ao nosso pé de ouvido, o mesmo não acontece com o J-Rock por em território brasileiro, já que o público por aqui ainda é limitado, tornando-nos um investimento de risco para as bandas orientais. E daí ficamos naquele circulo vicioso, não há investimento e o público continua restrito...ou continuava.
Apesar disso, o J-rock está aos poucos se difundindo, a principal porta para isso são os animes, bastante populares por aqui já há algumas décadas. Admitam, muitos de vocês curtiram ou curtem ainda animes, eu mesma vivi a áurea época “animistica” da Manchete (óhhh, nostalgia...). Então, assim como Maná, por exemplo, se popularizou aqui por conta de novelas, diversas bandas japonesas ganharam fãs brasileiros através de animes em que participaram da trilha sonora. Pois se nossas novelas são produto de exportação e criação de tendências, o mesmo acontece com os animes japoneses, daí a partir da música que ouviu no anime, você fica curioso e vai pesquisar a banda no maravilhoso mundo da internet.
A parte triste da história é que, devido a cortes e versões estrangeiras, a trilha original de muitos animes morria (e ainda morre bastante) quando sai do Japão. Enquanto por aqui a gente ouvia Angélica, Eliana e cantores conhecidos ou anônimos trabalhando em letras pavorosas, no produto original muitas vezes havia grandes bandas de rock.
Por exemplo, quem aí chegou a ver um anime chamado Samurai X? (e esse passou até na Globo!)
Pois então, essa música é de uma das bandas de rock mais famosas do Japão, o L’Arc~en~Ciel, que atualmente conta com uma sólida carreira de 20 anos, lotando estádios e agora em uma Turnê Mundial. O ponto alto na música deles é justamente a variedade, transcorrendo tranquilamente do Pop ao Hard Rock, combinando as influências musicais e habilidades individuais de composição e performance de cada um dos integrantes.
E ainda há espaço para a experimentação, novas possibilidades musicais. Miyavi tá aí pra provar isso, sua grande característica são os inusitados e ágeis acordes de violão, criando músicas que vão do Blues e vão para... o infinito e avante! É, não dá pra limitar mesmo o estilo musical dele. Miyavi já é de casa, passou por aqui três vezes, a última no SWU 2011, e já tem CD lançado em território brasileiro.
E para os headbangers, que tal um pouco das várias vertentes do Metal exploradas pelo The GazettE? A riqueza musical deles passa pelo punk, rock progressivo e também pelo pop-rock, tudo isso expresso nas habilidades dos instrumentalistas e na versatilidade do vocal.
Esses são apenas alguns exemplares do J-Rock. Como dito antes, o mercado por lá é forte e muito variado, em reflexo à capacidade criativa dos seus músicos. Por aqui o investimento vai abrindo-se pouco a pouco, pela mídia brasileira já se fala em bandas japonesas, o número de fãs aumenta e diversos grupos já passaram e ainda vão passar por aqui.
Pra quem ainda não conhece o J-Rock, o que mais pode assustar é o look das bandas, mas é preciso ter em mente que no Japão o visual é algo que faz parte da composição artística (e de marketing também, claro) e é uma forma de transparecer a liberdade artística que eles propõem.
Daí vem a barreira linguística, o grande “mas eu não entendo nada que eles cantam!”. Bem, há muitos sites que oferecem boas traduções das letras, além disso, a grande mágica da música é a possibilidade de comunicação universal e por si só, todos nós (a não ser crianças bilíngues de criação) tivemos momentos de desconhecimento de letra e mesmo assim isso não nos impediu de conhecer e gostar de música.
Um ótimo site para saber mais sobre J-Rock é o portal JaME World, onde é possível encontrar notícias e profiles de diversos artistas e bandas japonesas.
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