Texto: Ingrid Natalie (@ingridnatalie)

Tentar usar da imparcialidade ao comentar sobre uma banda que você admira consideravelmente chega a ser uma missão impossível, mas vou me esforçar bastante para cumprir essa tarefa. Na noite da última quinta-feira, 07/11, o Red Hot Chili Peppers retornou a São Paulo para mais um show da turnê do disco "I'm With You" (2011) e novamente a Arena Anhembi foi o local escolhido para a apresentação. A última passagem do quarteto californiano na cidade da garoa aconteceu em 21 setembro de 2011.

Anthony Kiedis, Flea, Chad Smith e Josh Klinghoffer subiram ao palco às 22hrs executando uma jam como já de rotina nos shows, mostrando completo entrosamento, e seguiram com "Can't Stop", faixa do disco "By The Way" (2002) e seguramente uma das mais aguardadas da noite. Na verdade, os 34 mil fãs que lotaram a Arena Anhembi foram presenteados com vários hits a exemplo de "Dani California", e "Otherside" do super elogiado álbum "Californication" (1999). No entanto, o clímax da primeira parte da performance ocorreu em "Snow ((Hey Oh))" do álbum "Stadium Arcadium" (2006), momento que o guitarrista Josh Klinghoffer nos maravilhou acertando cada acorde da música com muita destreza e precisão. Se você ainda sente falta do ex-guitarrista John Frusciante, mesmo após ter presenciado essa substancial melhora do Josh desde a última passagem da banda em terras brazucas, você pode chegar a conclusão que não passa de puro "mimimi".

Josh e Flea tocando Snow na Arena Anhembi. Foto: Ingrid Natalie

Os fãs mais saudosistas (assim como esta que vos escreve) foram agraciados com duas músicas sensacionais do álbum "Blood Sugar And Sexy Magic" (1991), obra-prima máxima das pimentas, que não aparecem tão frequentemente nos shows no Brasil, foram elas "I Could Have Lied" e a agitadíssima "If You Have To Ask". Não poderia faltar "Higher Ground", cover do Stevie Wonder e presente no álbum "Mother's Milk" (1989), que funciona absurdamente bem nos shows.

Anthony Kiedis sorria demais, estava claramente animado com os shows na América do Sul e com a reação dos fãs. Ele interagiu com o público, dançou e mostrou um controle absoluto da voz, ou seja, tudo que esperamos de um frontman do calibre e talento dele. Aos 51 anos de idade, o vocalista mostrou que tem muito gás para queimar, dá até pra ousar dizer que ele apresentou sua melhor forma desde o início da turnê. A única ressalva a se fazer é em "Ethiopia" aonde Anthony saiu um pouco do ritmo, porém não prejudicou a apresentação no geral.

O baixista Flea é uma atração à parte. Entra no palco plantando bananeira, dá cambalhota, rebola e ainda por cima consegue ser um dos melhores mestres das 4 cordas. Em "Around The World" ele realizou um solo fenomenal, daqueles de impressionar. Ele faz tudo aparentar ser fácil. Após "Give It Away" que deu os acordes finais ao show, Flea gentilmente disse, "muito obrigado por nos apoiarem todos esses anos e nos vemos em breve".

O único pecado que o Red Hot Chili Peppers cometeu foi ter feito um show relativamente "curto" de  aproximadamente 1hr40min, mas sabemos que na maioria das vezes a duração depende de outros fatores. O gostinho de quero mais ficou óbvio e mais evidente do que isso, o respeito dos fãs por esse grupo que possui uma história de 30 anos e 10 álbuns de estúdio só aumentou. Esperamos um breve retorno das pimentas quentes vermelhas!