Far From Alaska: 'não é uma parada feita pra se encaixar em estilo x ou y... é o que é e é o que a gente faz'
14:48Far From Alaska. Foto: divulgação |
Por: Ingrid Natalie (@ingridnatalie)
Procurando por um som pesado, original e marcante? Certamente você irá se impressionar com Far From Alaska. O quinteto oriundo de Natal exibe um rock como há muito não se ouvia, cheio de riffs fortes, sintetizadores, quebras de ritmo inesperadas e um vocal poderosíssimo de Emmily Barreto. A formação da banda também conta com Cris Botarelli (teclado e voz), Edu Filgueira (baixo), Rafael Brasil (guitarra) e Lauro Kirsh (bateria) A banda começou as atividades em 2012 e com fortes indícios de que viria a conquistar grande relevância no cenário nacional. O grupo venceu o concurso “Som Para Todos”, abriu o festival Planeta Terra e lançou seu primeiro EP, “Stereochrome”, pela Deck. Desde então, a banda coleciona apresentações com grande sucesso pelo Brasil, como nos festivais Grito Rock (Rio de Janeiro) e Bananada (Goiânia).
Em 13 de Maio, chegou nas prateleiras o novo álbum do Far From Alaska. O excelente disco"modeHuman" teve a produção de Pedro Garcia (baterista do Planet Hemp) e masterização por Chris Hanszek no Hanszek Audio (Seattle - EUA), o novo trabalho possui 15 faixas, próprias da banda. Entre elas, estão as quatro do EP “Stereochrome”, e inéditas como “Another Round”, “Rolling Dice” e “Greyhound”. Certamente “modeHuman” exibe um amadurecimento da banda, uma sonoridade pesada e consistente, além de apresentar duas novidades: o uso de vocoder e de uma lap steel, também conhecida como guitarra havaiana. Vejam nossa entrevista com a tecladista Cris Botarelli, que nos contou mais sobre o início da banda, produção do recente material e planos futuros:
Procurando por um som pesado, original e marcante? Certamente você irá se impressionar com Far From Alaska. O quinteto oriundo de Natal exibe um rock como há muito não se ouvia, cheio de riffs fortes, sintetizadores, quebras de ritmo inesperadas e um vocal poderosíssimo de Emmily Barreto. A formação da banda também conta com Cris Botarelli (teclado e voz), Edu Filgueira (baixo), Rafael Brasil (guitarra) e Lauro Kirsh (bateria) A banda começou as atividades em 2012 e com fortes indícios de que viria a conquistar grande relevância no cenário nacional. O grupo venceu o concurso “Som Para Todos”, abriu o festival Planeta Terra e lançou seu primeiro EP, “Stereochrome”, pela Deck. Desde então, a banda coleciona apresentações com grande sucesso pelo Brasil, como nos festivais Grito Rock (Rio de Janeiro) e Bananada (Goiânia).
Em 13 de Maio, chegou nas prateleiras o novo álbum do Far From Alaska. O excelente disco"modeHuman" teve a produção de Pedro Garcia (baterista do Planet Hemp) e masterização por Chris Hanszek no Hanszek Audio (Seattle - EUA), o novo trabalho possui 15 faixas, próprias da banda. Entre elas, estão as quatro do EP “Stereochrome”, e inéditas como “Another Round”, “Rolling Dice” e “Greyhound”. Certamente “modeHuman” exibe um amadurecimento da banda, uma sonoridade pesada e consistente, além de apresentar duas novidades: o uso de vocoder e de uma lap steel, também conhecida como guitarra havaiana. Vejam nossa entrevista com a tecladista Cris Botarelli, que nos contou mais sobre o início da banda, produção do recente material e planos futuros:
FRS: Primeiramente gostaria que nos contasse sobre o início da banda. Como vocês se conheceram e formaram o grupo?
Cris Botarelli: Nos conhecemos há muitos anos da cena rock aqui de Natal, inclusive já tivemos outras bandas com membros em comum e etc. O FFA foi formado meio despretensiosamente, eu e a Emmily queríamos montar uma banda juntas com amigos legais em que ela fosse cantora (à essa altura tocávamos juntas no Talma&Gadelha, ela bateria e eu guitarra), nem importava tanto o que fôssemos tocar, foi algo meio “mistura esse povo aí e vê no que dá”.
FRS: Uma curiosidade, como vocês chegaram até o nome 'Far From Alaska'?
Cris Botarelli: Não tem nenhuma história bacana ou profunda e filosófica, infelizmente. A gente não tinha nome por muito tempo, não conseguíamos nada que os cinco "chatonildos" da banda gostassem, aí a mãe da Emmily sugeriu algo relativo, em portugues, aí traduzimos pro inglês e com sorte, foi aprovado! Não sei se porque gostaram mesmo ou se por cansaço, fica aí essa questão para se refletir ahaha.
FRS: Em 2012 vocês lançaram o EP "Stereochrome" e pouco tempo depois já estavam ganhando os palcos de festivais importantes como o Planeta Terra. Qual foi a reação de vocês ao receber esse reconhecimento?
Cris Botarelli: A gente toca há muito tempo, alguns de nós têm banda há mais de 10 anos e isso nunca aconteceu antes. A gente costuma dizer que essa banda é meio mística ehehe. De toda forma, é muito legal ver que a turma está gostando, que percebe que não é uma parada feita pra se encaixar em estilo x ou y... é o que é e é o que a gente faz. Acho que conseguimos deixar isso claro e as pessoas se identificam e abraçam a ideia junto! Isso é muito massa.
FRS: Queremos conversar sobre o novo trabalho “modeHuman”. Pode nos contar mais sobre os processos de composição e produção do álbum?
Cris Botarelli: A gente tem por costume compor em estúdio, os cinco juntos. Um traz um riff, outro cola com uma pontezinha que já tinha pensado... É algo bem “frankenstein” e aleatório, talvez por isso muito suado e problemático. Tivemos hiatos de meses sem conseguir compor nada, porque o processo é tão livre que às vezes a música se dispersa e nós não conseguimos fazer nada coeso. Por outro lado, teve música que foi composta no carro indo pra uma reunião da banda e em dois ensaios estava pronta. Isso é normal, a gente aprendeu a lidar e domar a criatividade sem se desesperar (tanto ehehe). Outra coisa que ajudou no processo também foi a palavra mágica “PRAZO”. Tínhamos que finalizar as músicas e mandar as prés pro Rio, para o Rafael Ramos escutar, isso acelerou o processo e fez fluir que é uma beleza ahaha! Daí foi mais fácil, chegamos no estúdio pra gravar basicamente com tudo pronto e aí tivemos a chance de aproveitar com calma as dicas preciosas do Pedro Garcia, que nos produziu e também mixou o disco.
FRS: Como surgiu a decisão de usar guitarra havaiana neste novo trabalho?
Cris Botarelli: Não foi bem uma decisão, foi como quase tudo que acontece no Far From Alaska: de forma aleatória e nem tão pensada assim. A Emmily estava nos Estados Unidos e eu queria comprar algo pra fazer mais barulho no palco, simples assim. Queria um theremin, na verdade, mas estava muito caro. Aí o Rafa já havia sugerido uma vez a lapsteel e eu lembrei. Como sempre toquei guitarra (na verdade essa é a minha primeira experiência – traumática – com synths) gostei da ideia e comprei meio às cegas, pra aproveitar a viagem da vocalista, nunca nem tinha visto uma ao vivo, mas tem dado certo, é muito divertido tocá-la.
FRS: No EP "Stereochrome" vocês trabalharam com Chuck Hipolitho (Vespas Mandarinas) e em "modeHuman" com Pedro Garcia (Planet Hemp). Qual a principal diferença entre os dois e quais as contribuições eles deram para a sonoridade da banda?
Cris Botarelli: O que os dois tem de feras eles tem de diferentes. No EP nós gravamos tudo aqui em Natal mesmo, mandamos as tracks pra ele mixar e ficamos impressionados com o resultado. Ele evidenciou uma identidade suja, tosca (no bom sentido), barulhenta e malzona pra banda que foi uma sacada fantástica, já estava lá, mas ele que acreditou e privilegiou isso em detrimento de uma mix mais limpinha. Foi muito importante pra gente isso. Já o Pedrinho teve a difícil missão de fazer a gente soar como “banda grande”. Estávamos em um estúdio monstruoso (Estúdio Tambor, da Deck) com toda a técnica a nosso favor pra tirarmos os timbres exatos que gostaríamos de forma orgânica na gravação. Ele foi O CARA pra isso, o disco tem muitos detalhes que aparecem por mérito dele. O fato dele ter comandado as gravações também, já facilitou muito o trabalho dele na mix, que achamos animal.
FRS: A música "POLITIKS", como próprio nome sugere, tem um ar revolucionário perceptível pelo peso nas guitarras e na letra. O momento que o país passa de certa forma influenciou a composição desta faixa em particular?
Cris Botarelli: Sim, influenciou. É sobre politicagem em geral, em todos os meios. O fato de usar o poder para subverter o cenário em seu favor de forma que os “subordinados” se sintam impotentes pra mudar as coisas e quebrar essa relação escravo-senhor, que existe desde que o mundo é mundo e nunca deixou de existir, só vai mudando de nome e forma.
Ouça a música:
FRS: A capa de "modeHuman" é representada por um android. Qual o significado dele?
Capa do álbum por Alexandre Wake que mostra a figura de um android, representando a mistura da humanidade com elementos eletrônicos. |
Cris Botarelli: A ideia veio a partir da música que dá nome ao disco, a eletrônica modeHuman. Ela surgiu já nas gravações do disco no Rio, foi a última composição do álbum e fala sobre alguém que está “de saco cheio” da vida e deseja ser substituído por um robô. Acontece que, embora a personagem diga que não se importa se ela (sim, o robô é uma “roboa”) estragar tudo e for descoberta, é interessante que ninguém saiba que ela foi substituída. Pra isso, a roboa tem que aprender exatamente como reagir às situações da vida de forma similar a um ser humano, com os defeitos, tilts e falhas inclusos. O disco todo, então, que fala sobre várias nuances das relações humanas (amorosas, de amizade, de poder) vira um manual de instruções para ensiná-la a agir e reagir, não matematicamente, mas a partir do retrato falhado que é a natureza humana narrado no disco. A sonoridade também contribui com esse conceito quando a gente acaba misturando letras passionais com guitarras muito pesadas, tempos quebrados, e sintetizadores improváveis, num caos sonoro igualzinho à cabeça doida de cada um. Ao final do disco, escondidinha, a música modeHuman continua com uma parte 2, em que é tocado um interlúdio no piano e é possível perceber a transição da roboa para um ser humano. A música começa com muitos ruídos eletrônicos, bips e perceptivelmente é tocada de forma mais mecânica. Gradualmente a música vai se tornando mais limpa, os ruídos eletrônicos vão cessando e a atuação da roboa fica mais orgânica e, por isso, mais imperfeita. A partir do momento em que o andamento e a execução é pior, não se percebem mais ruídos, prova de que a roboa finalmente conseguiu incorporar “a humanidade” contida no defeito. Missão cumprida.
FRS: Para finalizar, qual a opinião de vocês sobre o cenário atual do rock brasileiro?
Cris Botarelli: O cenário de rock brasileiro atual está extremamente criativo, cheio de bandas bacanas e tão diferentes entre si quanto interessantes. Não faz o menor sentido pra nós quando escutamos aquela turma antiga e saudosa falando que o rock no Brasil está morto... Essa turma não vive no mesmo país que a gente, juro. Inclusive, acho que não vale nem a pena destacar bandas legais aqui porque se não a entrevista não acaba hoje, especialmente porque começaríamos por Natal, que de maneira improvável (pra vocês que não conhecem os talentos potiguares, claro ahahaha brincando) tem várias das bandas que são influências do nosso som. Nessa mesma linha, a democratização da internet e dos meios de propagação da música ajudaram muito nesse processo e o intercâmbio entre as bandas do independente só cresce, tanto em relação à troca de referências musicais, quanto em ajuda mútua pra rodar pelo país e isso enriquece muito o trampo de todos. Nós somos frutos diretos desse cenário e dessas facilitações e, diante do que já vivemos, esse é o melhor momento dessa cena até aqui (considerem que temos 20 e poucos anos, tá? Não podemos falar por outras épocas ehehe).
Agradeçemos a Cris Botarelli, Far From Alaska e a Deck pela simpatia e imensa atenção! :)
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Assista ao clipe de estúdio de “Deadmen”
Agradeçemos a Cris Botarelli, Far From Alaska e a Deck pela simpatia e imensa atenção! :)
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